Aparição de Nossa Senhora a Pe. Afonso Ratisbonne

Roma, 20 de Janeiro de 1842

Aparição de Nossa Senhora a Pe. Afonso RatisbonneAfonso Carlos Tobias Ratisbonne nasceu em Estrasburgo, leste da França, no dia 1º de maio de 1814. Era o penúltimo filho de uma numerosa família judaica. Com 4 anos, perdeu sua mãe e tornou-se o “menino rei” do lar, cercado de carinho por todos. Alegre e educado, ganhava a atenção de todos pela espontaneidade e vivacidade. Cresceu numa família de situação financeira sólida, a qual lhe transmitiu, enquanto religião, apenas valores como lealdade, generosidade, filantropia.

Aos 16 anos, perdeu o pai e transformou-se em “Senhor do Patrimônio”. Um tio, tido por ele como segundo pai, o escolheu para sucedê-lo à frente do banco da família, censurando-lhe apenas suas frequentes viagens a Paris. “Ele tinha razão, eu só amava os prazeres. Os negócios me impacientavam.” – disse Afonso, mais tarde.

Em 1841 ficou noivo de sua sobrinha, Flora Ratisbonne. Neste período, nele iniciou-se uma lenta evolução. A incredulidade e o ceticismo deram lugar a uma vaga crença em Deus. Essa transformação aconteceu, simplesmente, porque ele passou a amar àquela jovem e o amor humano deixou-o receptivo à experiência espiritual. “A presença de minha noiva elevava o meu coração para um Deus que eu não conhecia.”

Em 20 de Janeiro de 1842, Afonso estava em Roma, de partida para Malta, local em pretendia passar o inverno. Antes de embarcar, aceitou o convite para um passeio com um amigo, o mesmo que, cinco dias antes, lhe dera uma medalha de Nossa Senhora das Graças junto com a oração “Lembrai-vos, ó puríssima Virgem Maria”. Quando passaram pela Igreja de Sant’Andrea delle Fratte (ou Igreja de Santo André dos Frades), o amigo pediu a Afonso que o aguardasse na carruagem, pois ele tinha uma missão a cumprir.

Deste modo, este amigo descreve o que aconteceu: “Enquanto eu subi ao claustro para realizar o compromisso que me trouxera ali, Afonso começou a passear, friamente, pela igreja. Fiquei afastado durante o período de 10 a 15 minutos. Quando voltei, não vi Afonso. Percebi, depois, que ele estava ajoelhado diante de uma capela, onde existia um quadro do Anjo Rafael conduzindo Tobias. Eu me aproximei dele, toquei-o três ou quatro vezes, antes que percebesse minha presença. Depois, voltou para mim, com os olhos cheios de lágrimas, repetindo com uma expressão que não é possível de reproduzir: “Como sou feliz! Como Deus é bom! Que plenitude de graça e de felicidade!”

Afonso somente aceitou revelar o que lhe acontecera diante de um sacerdote. E, assim, ele o contou: “Eu estava há alguns momentos na igreja quando todo o edifício desapareceu, repentinamente, diante de mim e vi apenas a capela para a qual uma irresistível força me impelia. Nessa capela, apareceu grande, brilhante, cheia de majestade e doçura, a Virgem da minha medalha. Ela me fez sinal com a mão para que eu me ajoelhasse e não resistisse. Ela nada me disse, mas eu compreendi tudo.”