MOMENTO DE ESPIRITUALIDADE

Desde 1971, a Igreja Católica do Brasil dedica o mês de setembro à Bíblia. Para este ano foi escolhido o livro de Josué, cuja inspiração é “O Senhor teu Deus está contigo por onde quer que andes” (Js 1,9). Esta certeza de que Deus nunca abandona quem a Ele se confia também nos coloca diante do que Ele exige de nós quando optamos por dedicar nossa vida ao serviço do Seu Reino.
No Evangelho de hoje (cf. Lc 14,25-33), Jesus esclarece que, para ser seu/sua discípulo/a é preciso atentar a três exigências: desapegar-se da família, carregar sua cruz e renunciar aos bens.
“Se alguém vem a mim e não odeia seu próprio pai e mãe, mulher, filhos, irmãos, irmãs e até a própria vida, não pode ser meu discípulo. Quem não carrega sua cruz e não vem após mim, não pode ser meu discípulo… qualquer de vós, que não renunciar a tudo o que possui, não pode ser meu discípulo” (vv. 26-27.33).
O verbo “odiar” (v. 26) não significa o contrário de amar, conforme entendemos. Jesus jamais ensinaria o ódio a alguém, muito menos aos membros de nossas famílias. Ele até nos ensina a amar os inimigos (cf. Mt 5,44; Lc 6,27). Mas o termo grego “misséô=odiar” tem o sentido de “desapegar-se”, de “separação completa”, “ou seja, a fé no Cristo Morto e Ressuscitado deve se tornar absolutamente central, motor da existência” e o amor que temos pela família “deve brotar da fé central no Cristo” como afirma Pe. Vitório Cipriani, nds.
Segundo Pe. Adroaldo, sj, ‘“Carregar a cruz” não é ser amigo da dor, mas sinal de lucidez. Significa assumir que toda a existência é um caminho progressivo de “morte do ego” (de identificação com ele), para possibilitar que “nasça” e viva o que realmente somos.” (https://www.ihu.unisinos.br/621745-seguimento-de-jesus…).
Ser discípulo/a de Jesus é assumir a própria missão aderindo seriamente a Ele e aos valores do Seu Reino. Para tanto, é preciso renunciar ao que nos torna poderosos/as, ao que nos escraviza e aos/às demais para vivermos incondicionalmente para Ele, no amor, no cuidado da Terra e de seus povos e na partilha do que temos. Deste modo, renunciar aos bens é ser capaz de partilhá-los com os/as que mais precisam.
Disse nosso fundador a uma das Irmãs: “Se você quer pertencer ao número das discípulas de Jesus Cristo, carregue sua cruz todos os dias de sua vida, esqueça-se de si mesma, persevere até o fim” (Theodoro Ratisbonne. Origens de Sion. Sermões e Conferências – 1840-1853, p. 126).
Que a Palavra de Deus ilumine o nosso caminho enquanto seguimos Jesus Cristo!
Bom Domingo!