“Alegrai-vos: ele está bem perto; sim, alegrai-vos mais no Senhor!” (Música: J. Gelineau)O refrão acima fala da alegria do encontro com o nosso Salvador. Sim, Ele está bem perto e por isso, exultemos assim como exultaram Isabel e seu filho na visitação de Maria (cf. Lc 1,39-45).
Este texto da Visitação “não pretende ser um relato fidedigno sobre acontecimentos, mas antes uma catequese destinada a proclamar as realidades salvíficas que a fé prega sobre Jesus (que Ele é o Messias, o Filho de Deus, o Deus conosco)”. Trata-se de um gênero literário chamado “homologese”, o qual “desenvolve-se em forma de narração e recorre às técnicas do midrash haggádico (uma técnica de leitura e de interpretação do Antigo Testamento usada pelos rabbis judeus na época em que foi escrito o Novo Testamento)”. (https://www.dehonianos.org/portal/liturgia/?mc_id=3650). Comentaremos apenas dois versículos:
“Ora, quando Isabel ouviu a saudação de Maria, a criança lhe estremeceu no ventre e Isabel ficou repleta do Espírito Santo” (Lc 1,41). Neste encontro das mães há o primeiro encontro dos filhos João Batista e Jesus. João dança de alegria diante de Jesus, assim como o rei Davi dança diante de Deus (cf. 2Sm 6,14.16.21). Em ambas as literaturas o Senhor (Deus/Jesus) está dentro de uma Arca. No livro de Samuel, a Arca de Deus contém as Tábuas da Aliança. No evangelho de Lucas, Maria é a Arca que contém Jesus, o nosso Salvador e Senhor da Aliança (baseada nas aulas do Pe. Vitório Ciprinai, nds).
Então, Isabel exclama: “Bendita és tu entre as mulheres e bendito o fruto de teu ventre!” (Lc 1,42). Nas Escrituras Hebraicas há duas mulheres que foram chamadas de “Benditas entre as mulheres” por terem sido instrumentos de Deus para salvarem seu povo da escravidão estrangeira: Jael, aquela que matou o opressor Sísara (cf. Jz 5,24ss) e Judite, a qual matou o tirano Holofernes (cf. Jd 13,8.18). Maria foi aclamada por ter acreditado nas promessas de Deus e ter trazido em seu ventre o próprio Salvador do mundo.
Declaremos com nosso fundador, Pe. Teodoro: “Em ti, ó Maria, todas as promessas, as esperanças que Deus tinha garantido a nossos antepassados se realizaram porque por ti o Senhor se fez Emanuel, Deus conosco”. (Theodoro Ratisbonne. Origens de Sion. Sermões e Conferências – 1840-1853, p. 221).
Podemos nos perguntar: de que tipo de opressão e escravidão precisamos nos libertar neste final de ano para experimentarmos mais plenamente a salvação trazida pelo Senhor Jesus?