Neste 20º Domingo do Tempo Comum refletiremos sobre o significado bíblico de três palavras fortes: “fogo”, “batismo” e “divisão” ditas por Jesus, no capítulo doze do Evangelho de Lucas. Tais ditos são de difícil compreensão e podem nos causar estranheza. Mas, o seu contexto – subida de Jesus para Jerusalém, onde ocorrerá Sua Paixão, Morte e Ressurreição – nos ajuda a compreender melhor seu sentido.
“Eu vim trazer fogo à terra…” (v. 49). Pe. Teodoro Ratisbonne, nosso fundador, “exprime muitas vezes, pela imagem do fogo, o ardor apostólico que o anima e deve animar todo cristão: ‘É preciso que o fogo queime para iluminar outros fogos’” (Teodoro Ratisbonne. Origens de Sion. Vida Religiosa em Sion – 1854-1884, 4a, p. 61).
Nas Sagradas Escrituras, a palavra “fogo” diz respeito a diversas situações da manifestação de Deus. Expressa a Sua santidade, como na sarça ardente (cf. Ex 3,2) e na montanha fumegante do Sinai (cf. Ex 19,18); a Sua intransigência (cf. Am 1,4; 2,5) e o Seu castigo (cf. Is 30,27; Jr 15,14) diante do pecado de Seu povo e das nações; a purificação do pecado (cf. Is 6,6; Eclo 2,5) e a transformação do mundo velho num mundo novo (cf. Sf 1,18).
Contudo, para esse mundo novo, de justiça e liberdade nascer, Jesus diz: “Devo receber um batismo…” (v. 50). Isto significa que, por amor, doará Sua vida até a morte de cruz e depois ressurgirá (cf. Mc 10,38). Também quando somos batizados/as, morremos para o pecado e renascemos para uma vida nova.
“Pensais que vim para estabelecer a paz sobre a terra? Não, eu vos digo, mas a divisão” (v. 51). Talvez esse terceiro dito de Jesus seja o que mais nos causa espanto. O que significa dizer que Jesus veio trazer a divisão entre pais e filhos e outros membros da família (vv. 52-53)?
Na verdade, Jesus é o “Príncipe da Paz” (cf. Is 9,5), conforme a interpretação cristã da profecia de Isaías. Ele veio reconciliar, em Si mesmo, o ser humano com Deus. Porém, a paz que Ele traz é diferente da paz que o mundo dá (cf. Jo 14,27). A paz do mundo é imposta, pois “o mais forte se impõe ao mais fraco”, já a de Jesus é fruto da justiça (cf. Is 32,17) e do amor, portanto, questiona, inquieta, provoca divisões entre as pessoas dependendo de suas “reações à pessoa de Jesus e à proposta que Ele oferece” (https://www.dehonianos.org/portal/20o-domingo-do-tempo-comum-ano-c0/).
Feliz dia dos pais! Que o Senhor os abençoe com saúde, sabedoria e verdadeira paz.
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