“Educar hoje: um desafio, uma conquista”
O Psicanalista Cesar Ibrahim falará sobre os desafios educacionais em evento promovido pelo Sion-RJ
No dia 30 de maio, terça-feira, às 19h, acontecerá, no Salão Nobre do Colégio Sion do Rio de Janeiro (Sion-RJ), palestra ministrada pelo renomado psicanalista Cesar Ibrahim, com o tema “Educar hoje: um desafio, uma conquista”.
O evento é destinado a educadores, pais, mães e demais familiares de toda a comunidade educativa de Sion. O principal objetivo da realização é fortalecer a parceria Família – Escola, na certeza de que a participação dos responsáveis é importantíssima para a formação completa dos alunos.
Confira a seguir a entrevista especial que fizemos com o professor doutor Cesar Ibrahim sobre os diferentes contextos que abordará durante o encontro.
Por que o senhor considera importante a escola dialogar com as famílias sobre os desafios educacionais?
Há famílias que acreditam que a escola deve produzir uma felicidade permanente ao longo da vida escolar de seus filhos. É preciso desfazer esse tipo de pensamento porque a trajetória da vida não funciona desse modo. O mundo real não é feito só de alegrais. É necessário preparar o educando para as frustrações, seguir regras e respeitar limites. Quanto maior for a competência e o preparo de pais e mães para educar, melhor será o resultado nos âmbitos intelectual, emocional e moral de seus filhos. Durante a palestra falaremos sobre a ligação entre a relação que crianças e jovens têm com os seus responsáveis e a sua saúde mental ou psicopatologia.
Atualmente, há crianças e jovens que manifestam diferentes desejos constante e exacerbadamente. Como os pais devem agir nestes casos?
Quanto mais instantânea for a necessidade de realização dos desejos de um sujeito, mais infantilizado ele se mostrará na sociedade em sua fase adulta. Precisamos retirar as crianças do “pedestal” ou “trono” em que foram colocadas. Os jovens vivem intensamente, a partir de uma satisfação imediata. Os pais não devem satisfazer as aspirações tirânicas de seus filhos. É necessário diferenciar a educação dos usos da educação dos abusos. As famílias não podem compactuar com essa condição megalomaníaca de satisfazer a todas as formas de prazer de seus filhos. É preciso exercitar o “não”. A educação consiste na dolorosa frustração do prazer imediato.
Como a escola deve se comportar em casos de crianças e jovens que apresentam tal comportamento imediatista?
Geralmente, as famílias tendem a associar a imagem da professora à imagem da babá, que, na maioria das vezes, é paga para atender às necessidades das crianças e, preferencialmente, não contrariá-las. A escola não é uma extensão do “mundo lindo e florido” desenhado dentro de casa e, por isso, precisa trabalhar a capacidade de renúncia em seus alunos, exaustivamente. Há uma larga diferença entre atender e entender. O professor acolhe e entende, mas não deve atender às necessidades imediatistas dos alunos. Uma escola é um lugar de regras, as quais existem para serem seguidas. Se um pai ou uma mãe não aceita a regra colocada pela escola, os educadores precisam se manter firmes quanto à aplicação daquele preceito e seguir o regulamento. É preciso dizer aos pais: há regras nesta escola, aqui funciona assim. Estamos formando o seu filho para a vida real, com a qual ele vai se deparar lá fora.
Sobre quais outros assuntos o senhor falará em sua palestra no colégio Sion-RJ?
Falarei sobre as dificuldades de educar filhos na contemporaneidade. Pais com as melhores das intenções têm cometidos equívocos reiteradamente. A ideia é ajudar os pais na minimização desses equívocos.
Como o senhor enxerga este evento formativo realizado pelo Sion-RJ, o qual é voltado à parceria família-escola, com o intuito de aprimorar o desenvolvimento mental e emocional dos alunos?
Penso que as famílias precisam considerar este e outros eventos de mesmo cunho realizados pela escola como algo muito importante e de grande valor. A escola precisa oferecer aos pais modelos educacionais que estabelecem regras rígidas. É preciso haver este alinhamento entre a escola e a família. As duas instituições sociais são responsáveis pela formação das crianças e jovens.