O assunto feminismo esteve em pauta no colégio Sion ao longo do ano letivo e de formas diferentes. Das salas de aula a encontros permeados por argumentações acaloradas. Dos corredores da escola às redes sociais.
A orientadora educacional do Ensino Médio da escola, Denise Nunes, explicou que movimentos desempenhados através da internet por mulheres que reivindicam, por exemplo, o comprimento de seus direitos, mais segurança e equidade de gênero, foram alguns dos estímulos para a abordagem e estudo constante da temática em 2015. “O movimento chamado como “O Novo Feminismo” está conclamando a juventude a discutir a denominada “cultura machista”, mas de acordo com as perspectivas contemporâneas. Além disso, em consonância com a missão e com os valores de Sion, alinhada à a finalidade da formação humana, a temática é inserida no dia a dia de nossos alunos a partir de diferentes aspectos.” – explicou a professora.
Denise contou que, logo no primeiro bimestre deste ano, durante atividade para escolha dos representantes de turma, os alunos assistiram ao vídeo do discurso da menina Malala Yousafzay, desempenhado na ONU, em 2014, quando ganhou o Prêmio Nobel da Paz. Ela explica que a intenção foi de discutir o protagonismo juvenil em qualquer situação de vida, além da causa feminina. Para ela, a atuação determinada e destemida de Malala, diante do desejo de defender a causa da educação das mulheres de seu país foi inspiradora e serviu como exemplo para os jovens. “O resultado desse trabalho foi um engajamento maior por parte dos estudantes na representação de turma. Houve ainda um aumento no número de alunas no Grêmio. Elas participaram mais das reuniões e colocaram-se igualmente mais ativas, contribuindo assim com suas opiniões.”.
A orientadora revelou que o corpo docente busca também trabalhar de acordo com a linguagem utilizada pelos alunos, como prática de ensino e até de aproximação. “Utilizamos o tema “Feminismo” inclusive por meio das hashtags, atreladas à opinião pública digital sobre o assunto, muitíssimo utilizadas por nossos jovens nas principais redes sociais. Desse modo, ao longo do ano letivo, nossos estudantes puderam trazer para a escola os temas colocados na mídia, os quais fazem parte de suas realidades, como #primeiroassédio, #agoraéquesãoelas, #foracunha, #homemnapia, #boralá e #meaculpa.”.
Além disso, na quinta-feira que antecedeu a prova do Exame Nacional do Ensino Médio 2015 (ENEM), na aula de Redação da professora Anina para os alunos do Ensino Médio, a temática foi abordada e contextualizada a partir de diferentes aspectos. Anina revelou que a abordagem de temas relacionados à mulher na prova de Redação do Enem, de certa forma, já era aguardada por ela. “Não por feminismo de minha parte, mas devido à uma evidente realidade que encontra-se relegada a um segundo plano em determinados aspectos. A prova de Redação do ENEM sempre levantou questões sociais para serem discutidas. Faltava essa! É claro que outras temáticas, por exemplo, de cunho político, também seriam relevantes. Entretanto, há sempre por parte da banca um cuidado nessa seleção. Tão bom quanto ver que o tema foi selecionado para o teste, foi poder ter discutido o assunto com os alunos durante o ano e dois dias antes da prova, o que lhes proporcionou a segurança que eles merecem e precisam ter para o bom desempenho.”.
Em novembro, Nunes falou a respeito da realização de um evento para alunos do Ensino Médio, que simbolizou a culminância das reflexões sobre “Feminismo”, durante conversa realizada em formato de roda no auditório do colégio. Além dos estudantes, participaram do encontro a integrante feminista, Eugênia Rodrigues, do grupo do LAPEADE- UFRJ (Laboratório de Pesquisa, Estudo e Apoio à Participação e à Diversidade em Educação), a psicopedagoga Naura Loreto e a Conselheira Titular do Conselho Municipal e Estadual dos Direitos da Mulher do Amapá, Elioneide Cruz. “A questão histórica e cultural da desigualdade de gênero; a influência da mídia e da publicidade na forma como a mulher é vista pela sociedade; a sexualização do corpo da mulher pela mídia; o papel da mulher na sociedade; a questão do estupro; a visão masculina sobre a idealização da “mulher perfeita” e a violência contra a mulher foram alguns dos tópicos abordados durante a atividade”. – revelou a coordenadora.