MOMENTO DE ESPIRITUALIDADE

Refletiremos hoje sobre o dom de falar em nome de Deus. Ele o concede a quem Ele quer. Mas nem sempre reconhecemos e legitimamos esse dom nas pessoas, por causa de nosso ciúme ou de nossos preconceitos. É o que perceberemos tanto na tradição judaica, em torno da pessoa de Moisés, como na tradição cristã, em torno da pessoa de Jesus.

Segundo o Pe. Vitório Cipriani, os nomes Eldad e Medad (Nm 11,26) “evocam a ideia de alguém querido, amado de Deus”. Estes eram os nomes dos dois homens que não estavam junto aos setenta anciãos quando estes receberam o Espírito que repousava sobre Moisés para o ajudarem a liderar o povo. Por isso, quando Eldad e Medad começaram a profetizar foram rejeitados por alguns, principalmente por Josué, o qual disse: “Moisés, meu senhor, proíbe-os!” (Nm 11,28).

Essa atitude de Josué, o servo que sucederia Moisés, representa a atitude de quem é legitimado/a pela instituição religiosa para preservar a fé e a identidade de sua comunidade. Por isso, algumas dessas pessoas se tornam rígidas e se fecham ao novo e ao desconhecido. Mas a resposta do mestre Moisés desafia o servo, além de ser inclusiva: “Estás ciumento por minha causa? Oxalá todo o povo do Senhor fosse profeta, dando-lhe o Senhor o seu Espírito” (Nm 11,29).

Em torno da pessoa de Jesus, o ciúme vem da parte de João, o discípulo amado, o qual diz: “Mestre, vimos alguém que não nos segue, expulsando demônios em teu nome, e o impedimos porque não nos seguia” (Mc 9,38; cf. Lc 9,49). Ao que Jesus responde: “Não o impeçais, pois não há ninguém que faça milagre em meu nome e logo depois possa falar mal de mim” (Mc 9,39; cf. Lc 9,50).

Com esses relatos, tanto a tradição judaica como a cristã nos ensinam que o Espírito de Deus não se deixa aprisionar, mas sopra onde quer. Também nos exortam à abertura de coração e de mente para reconhecermos que os dons divinos operam por meio de outras pessoas que não professam a mesma fé que nós ou que não pertencem à nossa comunidade.

Disse Pe. Afonso, um dos nossos fundadores: “É preciso alargar o coração, não fazer distinção entre latino e grego, muçulmano e judeu, mas abraçar a todos no amor” (Anais da missão de N. S. de Sion na Terra Santa, setembro de 1884. In Afonso Ratisbonne. De Roma a Jerusalém, 1814-1884, p. 45).

Bendigamos ao Senhor pelas ações realizadas na semana de apoio em prol da paz e justiça em Israel e na Palestina, que foi concluída no dia de ontem. A unidade se dá pelo reconhecimento e pela valorização da diversidade.

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